Neste dia da Consciência Negra, escolhemos compartilhar com vocês esse belo conto escrito por Majori , participante do curso Precisamos falar sobre racismo que contou com adolescentes de diferentes cidades brasileiras. Em uma das aulas, ela nos contou que criou essa história para responder à pergunta de sua priminha sobre quem era Marielle Franco.
Que possamos ser sementes e jardineiras umas das outras…
“Era uma vez uma jardineira que amava cultivar flores. Seu nome era Marielle…
Das Rosas às Margaridas, das Marias às Janaínas, Marielle cuidava com força e coragem. Seu jardim era repleto de cores que cresciam com força e resiliência.
Ainda que o solo não parecesse fértil, ainda que a chuva demorasse a cair, ainda que muitas flores estivessem quase secando, Marielle seguia presente na árdua missão de levar água, adubar a terra e até cantar para as flores:
“Companheira me ajude que eu não posso andar só
Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor…”
Os vizinhos de Marielle não gostavam da cantoria, achavam que a habilidosa jardineira fazia barulho demais… Então todas as tardes, de segunda à segunda, atiravam balas no seu jardim. Assim as formigas atraídas pelo cheiro do açúcar chegariam ao jardim de Marielle e poderiam devorar as folhas e flores.
Mas isso não adiantou, mesmo com as formigas as flores e cores seguiam crescendo.
Numa noite de quarta-feira algumas dessas balas acertaram Marielle, ela perdeu o equilíbrio e caiu num buraco bem fundo. Vendo que não conseguiria sair, Marielle adormeceu e algo extraordinário aconteceu.
De tanto conviver com as flores e cultiva-las, seu coração virou semente e ela nem sabia. Naquela terra que estava tão bem cuidada a Semente Marielle germinou e espalhou suas raízes, e essas raízes se espalharam pelo mundo.
Hoje, não cantam mais para as flores, as próprias flores gritam: MARIELLE PRESENTE!”
Majori Nascimento da Silva
***Arte por Helena Lu***