Livro: Um estudo sobre branquitude no contexto de reconfiguração das relações raciais no Brasil | 2003-2013

Livro: Um estudo sobre branquitude no contexto de reconfiguração das relações raciais no Brasil | 2003-2013

Está chegando!

Depois de quatro anos de pesquisa, nossa diretora de comunicação, Ana Helena Ithamar Passos (foto), lança o livro “Um estudo sobre branquitude no contexto de reconfiguração das relações raciais no Brasil | 2003-2013”, fruto do seu doutoramento em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

 

O trabalho teve como objetivo uma discussão no campo de conhecimento crítico da branquitude a partir de uma observação participante em uma sala de aula de História e cultura africana e afro-brasileira. A lei federal 10.639 de 2003 é um marco importante na implementação de políticas afirmativas no pais. A partir desse recorte, o trabalho de Ana Helena Passos joga atenção nos alunos e nas alunos brano/as e questiona a branquitude e as própria configuração racial brasileira.

A diretora da Afroeducação, Paola Prandini, é quem escreve a orelha do livro, confiram:

“A leitura deste livro é um mergulho histórico em uma das questões sociais que emergem em um país afrodiaspórico como o Brasil: a branquitude, ou seja, o privilégio de ser uma pessoa branca.

A partir das contribuições valiosas da pesquisa realizada por Ana Helena Passos, é possível compreender que o conceito de branquitude corresponde a um conjunto de significados atrelados à cultura e à sociedade, que não está apenas na cor da pele, mas na visão de mundo da sociedade em que vivemos.

Não nascemos sabendo que somos pessoas socialmente brancas ou não-brancas, mas passamos a problematizar nossas pertenças étnico-raciais quando nos sentimos confrontados e confrontadas a esse (se)pensar no mundo.

Desconstruir a branquitude não é só desfazer discursos, mas trabalhar para uma reconstrução de um sistema social, em que possamos ser ensinadas a imputar valores positivos sobre nascer com cor da pele não-brancas e/ou eurocêntricas e outras características fenotípicas, bem como ancestralidades,. É preciso mudar os sistemas de percepção para operar outras lógicas de ser e estar no mundo.

Quem é racista pode até não saber que o é, mas isso não significa que os privilégios vão deixar de trabalhar a favor de pessoas brancas, em termos étnico-raciais, quer elas queiram ou não. Por isso, vigilância e empatia são essenciais na luta antirracista.

Uma outra forma de causar essa transformação social é por meio do afeto. Amar pode, sim, ser um ato revolucionário. Todavia, assim como Ana Helena Passos nos convida a pensar, é preciso lembrar que os povos europeus, historicamente, se utiliza(ra)m de supostos atos de “afeto” para violentar e colonizar povos diferentes deles próprios.

Questionar a branquitude é problematizar a epistemologia ocidental, em que fascismos foram (e são) admitidos historicamente, assim como um crescente neoliberalismo econômico que garante a sua continuidade. Raça e poder econômico andam de mãos dadas, até hoje, inclusive!

Desde a Conferência de Durban, em 2001, até a efetivação da lei federal 10.639 – que, desde 2003, instituiu a obrigatoriedade da inclusão de Cultura e História africanas e afrobrasileiras nos currículos das escolas do país -, passando  pela aprovação de políticas afirmativas, em busca de equidade racial no país, como a aprovação da Lei de Cotas, em 2012, em todas as universidades federais do Brasil, o caminho da educação se mostra como um terreno fértil para a desconstrução da branquitude.

Ana Helena, nesta obra, nos relata detalhes sobre uma investigação que realizou junto a estudantes brancas e brancos, participantes de uma aula de História e Cultura Africana e Afrobrasileira, em uma faculdade da zona leste de São Paulo, e nos conta que apenas aquelas e aqueles que haviam se conectado a signos de afeto, juntamente de suas casas, de suas famílias, que conseguiam, de fato, mover suas subjetividades em prol de uma possibilidade de um novo letramento racial (racial literacy), mesmo sentindo culpa, vergonha ou raiva, que são aspectos comuns de quando se questiona a branquitude.

Por isso, seu alerta se mantém: “nem todos enxergam muito, e menos ainda a maioria”. Portanto, que esta seja uma leitura para multiplicar conhecimentos e afetos em torno da necessidade urgente de se descontruir a branquitude no Brasil.  Boa leitura!”

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